Sobre o tempo e como o conjugamos em análise
- Fred Oliveira

- 10 de jul. de 2023
- 1 min de leitura

Andei pensando sobre o tempo e como o conjugamos em análise.
Muitas vezes experienciamos a livre associação como uma espécie de recorte no tempo e no espaço, onde corre um rio de palavras que frequentemente nos surpreendem ao saírem da nossa própria boca.
À medida em que falamos, começamos a perceber o tempo presente dos nossos passados e nos abrimos para as possibilidades do futuro. É comum termos a sensação de que se passa uma eternidade ao mesmo passo em que tempo nenhum poderia ser suficiente. (Nesses momentos, "suficiente para que?” é uma boa pergunta a se fazer…)
A sessão acaba, mas a sentimos por tempo indeterminado. Às vezes nos agarramos por dias às palavras que ali surgiram. Às vezes saímos do consultório e imediatamente pensamos "o que foi mesmo que eu disse hoje?".
Gosto também de pensar que, ao adentrarmos uma análise, rompemos com o tempo enquanto amarra. Seja elaborando o tempo que se foi, se entregando para o tempo que é agora ou perdendo o medo do tempo que virá.
Nessa travessia, destoamos do tempo que o discurso capitalista nos impõe e há algo de profundamente transgressor e libertador nisso (e podemos dizer isso sem negligenciar a percepção do privilégio envolvido!).
"Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo, tempo, tempo, tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo, tempo, tempo, tempo"
Oração ao Tempo - Caetano Veloso
Arte: Paradoxical Vortex - Christi du Toit



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